sexta-feira, 23 de novembro de 2007


Maurice Béjart, 1927-2007




Béjart morreu.
Há cerca de 40 anos teve a 'leviandade', numa vinda ao Coliseu, de manifestar o seu apoio aos movimentos de libertação africanos e a PIDE fez o favor de o acompanhar desde o Coliseu até ao aeroporto, não fosse ele perder-se por Lisboa e fazer, ainda mais, estragos... e, assim, lá tivemos de digerir mais uma vergonha.





domingo, 18 de novembro de 2007


A ASAE fechou...




a ginginha. Não haverá por aí uma A-qualquer-coisa que feche o governo?


Não deixemos que fechem o Quarteto




Há fortes suspeitas de que este encerramento é para durar. A notícia oficial está aqui.

domingo, 11 de novembro de 2007


"Um sonho americano"




[...]
Uma leve náusea, parecida à depressão com a qual uma pessoa pode acordar todas as manhãs durante anos, andava à deriva nos meus pulmões. Se alegasse loucura temporária, Leznicki e eu seríamos irmãos, estaríamos na eternidade muito juntos, em fila indiana, marcando passo. Não obstante, senti-me tentado, porque me haviam reaparecido o vazio no peito e a sensação de vácuo no estômago. Não tinha a menor certeza de poder continuar. Não, interrogar-me-iam interminavelmente, diriam verdades e mentiras, tão depressa se mostrariam amigos como inimigos e, entretanto, eu continuaria a respirar o ar daquela sala, com os seus cigarros e charutos, o café que sabia a cafeteira suja, o cheiro distante a instalações sanitárias e lavandarias, a depósitos de sucata e de cadáveres, veria paredes verde-escuras e tectos branco-encardidos, escutaria murmúrios subterrâneos, abriria e fecharia os olhos sob a luz abrasadora das lâmpadas eléctricas, viveria num túnel de metropolitano, durante dez ou vinte anos, e de noite dormiria numa cela sem nada que fazer além de deambular no chão de pedra. Morreria de torpores intermináveis e projectos caducados.
[...]
Norman Mailer, Um sonho americano

Norman Mailer nasceu em 1923 e morreu ontem.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007


Pela reposição dos Benefícios Fiscais


«Não concordamos

Não concordamos que se diminua a qualidade de vida das pessoas com deficiência.

Já chega tudo o que têm de enfrentar no dia a dia:
Barreiras físicas que lhes limitam a mobilidade. Barreiras comunicacionais que lhes limitam o acesso à informação e ao conhecimento. Preconceitos que lhes limitam a vida.

Pessoas a quem é negada a igualdade com os restantes cidadãos no acesso à educação, emprego, cultura e lazer têm de ser objecto de uma política activa de inclusão. Os benefícios ou deduções fiscais são uma componente essencial dessa política, pois garantem às pessoas com deficiência um rendimento extra que lhes permite fazer face aos custos decorrentes da sua deficiência.

A proposta do Governo na lei do Orçamento de Estado de 2007, reiterada para o Orçamento de Estado de 2008, de retirar benefícios fiscais às pessoas com deficiência em sede de IRS não é justiça social.

Retirar benefícios, que estavam consagrados desde 1988, a quem tem de se confrontar diariamente com inúmeros obstáculos para aceder e se manter no mercado de trabalho, com custos elevados para compensar o seu handicap, é penalizar o esforço de integração feito por essas pessoas e reduzir-lhes drasticamente a qualidade de vida.

Ao alterar a situação vigente desde 1988, sem que para tal tenha efectuado qualquer estudo sobre os custos da deficiência, o Governo legislou sobre o que não conhecia, escolhendo uma via fácil, mas injusta, de melhorar a situação de algumas pessoas com deficiência mais carenciadas, à custa de aumentos de imposto perfeitamente inadmissíveis dos que têm rendimentos médios, como tem sido demonstrado pela imprensa.

Assim, nós, abaixo assinados,

Apelamos ao Governo para que realize um estudo sobre os custos que as pessoas com deficiência suportam para compensar o seu handicap, e que só então defina quais os benefícios ou deduções fiscais que devem compensar esses custos;

Apelamos ao Governo para que evite as situações económicas de ruptura familiar que está a criar com as recentes medidas e que, até ter um conhecimento aprofundado das situações reais, reponha os benefícios fiscais para as pessoas com deficiência, mantendo, porém, a dedução à colecta que definiu recentemente, deixando-as optar pelo sistema de cálculo que lhes seja mais favorável;

Apelamos ainda ao Governo para que fiscalize e puna severamente quem de modo fraudulento aceda a benefícios que devem ser exclusivos das pessoas com deficiência, pondo assim termo a insinuações lesivas da sua honorabilidade.

Lisboa, 19 de Outubro de 2007»


Esta petição encontra-se aqui.

O blogue do movimento encontra-se aqui.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007


Parabéns




a O Jumento que completou hoje 4 anos de existência. Pois que continue por muitos e bons!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007


O que se diz por aí (I):


JORNAIS:

No DN, "As Sondagens Da Rutura" por Baptista Bastos

Não gosto de escrever isto: mas José Sócrates mentiu, descredibilizou todos os princípios de progresso e de justiça contidos na doutrina do seu partido, tripudiou sobre os códigos genéticos de uma certa esquerda, desrespeitou os eleitores e desacreditou as palavras, em nome de uma receita pessoal. A fraude não poderia manter-se. O confronto político estava retirado, inexistia ou se dissolvia numa inutilidade loquaz. As coisas mudaram de figura. A consistência deste Executivo é tão frágil que duas ou três brandas declarações de Menezes se transformaram em hecatombe.

e,"O FRACASSO DA ESCOLA PÚBLICA?" por Pedro Lomba

Também eu sou um produto da escola pública. Também me irrito quando vejo o ensino público comandado por sábios e distante das necessidades do mundo que devia servir. Como Rui Tavares fez no Público, penso nos meus velhos colegas de liceu da Padre Alberto Neto (já agora, 168 no "Ranking"). Tínhamos uma escola heterogénea. Um de nós foi quase o melhor jogador de futebol da nossa geração. Outro pertenceu à boys-band Excesso. Havia uma miúda muito gira que já não é tão gira e acabou em modista. Há escolas que produzem estadistas, a minha gerou cançonetistas, desportistas e este vosso escriba anafado. Mas quando penso em todos os meus ex-colegas que não contribuíram para a nossa subida no ranking ou que ficaram pelo caminho, não me ocorre atribuir responsabilidades à escola pública. Nem a eles. A vida é complicada.



BLOGUES:

No "Zero de conduta" um conjunto de excelentes posts a propósito da disputa ensino privado/ensino público sob o título: "A distopia liberal sobre a escola pública" I, II, III, IV.